Depoimento de Murat Akad
no XIX Congresso do PCP *

Maioria dos turcos <br>é contra agressão à Síria

A agressão contra a Síria faz parte de um plano geral do imperialismo, do qual o governo turco actua como um agente. Naturalmente, a posição do nosso partido é totalmente contrária ao envolvimento da Turquia na agressão contra a Síria, tal como é contra qualquer outra agressão imperialista contra a Síria ou qualquer outro país. Defendemos que cabe ao povo sírio decidir pelas próprias mãos o seu destino.

Por outro lado, é de salientar que o governo turco, que está no poder desde há dez anos, tem efectuado grandes alterações na Constituição e na organização do Estado, num sentido reaccionário, com vista a impor uma nova política que nós chamamos de neo-otomanismo.

Esta política inclui um determinado expansionismo, em primeiro lugar, no Médio Oriente, visando territórios que fizeram parte do Império Otomano. Referindo-se à Síria e aos países do Médio Oriente, o primeiro-ministro turco tem afirmado abertamente em vários discursos que todos eles faziam parte do império otomano e que, num certo sentido, pertencem à Turquia.

Para já, o governo tenta impor esta nova política, não pela força militar, mas através da pressão política sobre estes países.

Se os imperialistas tivessem êxito nas suas tentativas de derrubar o regime de Bachar al-Assad, então as forças reaccionárias, incluindo da Al-qaeda e outras correntes fundamentalistas, tomariam o poder e cairiam sob a influência do governo turco. Por isso, a resistência da Síria tem uma importância crucial para toda a região.

Por último, é de sublinhar que 75,8 por cento da população turca é completamente contra os ataques à Síria. Deste modo, apesar de o governo turco conservar um determinado apoio da população, no caso de deflagração de uma guerra, levantar-se-ia uma oposição muito forte que, por certo, faria fracassar os intentos agressivos da política expansionista de Istambul.

* Murat Akad, membro do Conselho Nacional do Partido Comunista da Turquia



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